quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Noites brancas.

Abriu a porta, jogou com desleixo a bolsa no chão, bambou as pernas - não sabia mais distinguir o chão do resto.
Esparramou-se no sofá e ali ficou, estática, por horas a fio, a mente vazia e os suspiros indo e vindo de modo frenético.
Olhava para o relógio no pulso mas nem o via como de costume. As paredes pareciam querer esmagá-la, concreto espremendo as entranhas.
E então os pensamentos voltavam. Ele voltava com uma força sobrenatural, ficava passeando e rindo dela, caminhava pelo seu copo, pisoteando-o sem pena.
Toda dolente ao fim do dia, pegou uma maçã e mastigou-a tão meticulosamente como se fosse evaporar no instante seguinte.
Testa franzida, mãos trêmulas, dentes a cerrar.
A campainha tocara.

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