segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Fossas.

Domingo não é um dia chato. Nós que fazemos dele um dia chato. Tá, pode até ser o último dia da semana e você acorda automaticamente pensando "mierda, amanhã já é segunda, tenho milhares de pepinos pra resolver", mas é verdade!
É uma questão de mecanicidade. Acordamos no domingo já pseudo-zumbis, com cara de quem não quer sair da cama e saímos rastejando pela casa feito lesmas.
Ontem escolhi fazer do meu domingo um dia de fossa. Adoro fossas. Sou sentimental. Fossa Coldplay, fossa Los Hermanos, fossa Piaff, fossa Chopin, fossa sofá, fossa chocolate, fossa cobertor.
Ontem preferi uma fossa Elvis. Me afoguei debaixo de uma manta bem quentinha. E sonhando... "Um dia ainda tomo um martini com azeitona, com você".

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Backstage.

Assento 8A. Parecia um sinal. Me levava a acreditar que tudo daria certo. Um recomeço; era disso que eu precisava. Há umas horas atrás, estava a olhar os pés cruzados no chão do carro. De um jeito novo, também. "Depois daquela noite, nunca mais serei a mesma". O pensamento que não calava mais. Porra, era verdade. Sexta, sentada sozinha, incomodada, encarando as bolhinhas que subiam irritantemente no copo de chopp. E esperando. Com borboletas no estômago, só de imaginar no reflexo que estava por vir na porta envidraçada vazia em minha frente. Antes disso, parecia uma maluca, isso sim: em frente ao espelho, passando batom, perfume. Bah. Besteira. Falsas esperanças me alimentavam há tempos. Falsas promessas. Agora chega. Depois, veio a canja de galinha. Não sei por quê, mas essa é a única lembrança que guardo daquele dia. Aquele prato na mesa, me olhando, me vendo soluçar e me dando náuseas. Tudo que consegui foram duas colheradas. O resto era resto. Foi pra geladeira mesmo. Sexta deitei-me na cama como mais uma menininha escrota e medíocre dos olhos inchados. Credo. Fico feliz por ter acordado no sábado, como mulher. That's all, folks. O show acabou. Não vendeu muitos ingressos, acabou saindo de cartaz. Mas a estréia de hoje é promissora, isso eu garanto.

domingo, 19 de abril de 2009

Desabafo nº 1.

Tá. Eu tenho que me conformar de uma vez por todas: eu nunca fui, nunca sou e nunca serei a menininha, perfeitinha, simpatiquinha, sorridentezinha que em todo canto deixa rastros de amizade. Ainda menos aquela que cativa todo mundo, que está sempre abraçando, conversando com as pessoas.
Tentei. Não funcionou, não se encaixa no meu perfil ser rotulada de 'miss simpatia'.
É, já me conformei. Sempre vou ser aquela da testa franzida, dos braços cruzados, que pouco fala, que raramente sorri e aquela seletivamente simpática(e às vezes até antipática).
Pronto. Dasabafei.

quinta-feira, 12 de março de 2009

Está certo

que eu nasci nessa era digital do mundo contemporâneo, mas às vezes penso que devia ter nascido um pouco antes.
Tem dias que essas tecnologias, engenhocas me atrapalham. Como agora.
No meio de um momento de inspiração que parecia não ter fim(são raros), a bateria do meu mp3 resolve acabar. Holly shit.
Por que não tinha as malditas das músicas num cd?!
Se isso tivesse acontecido alguns aninhos atrás(tipo uns 20), era só ter virado o long play - que aliás pra mim, ainda supera com seu som intrigante, mesmo não tendo 512 kbps, qualquer tipo de registro sonoro - no lado B.

domingo, 8 de março de 2009

Moon River.

Dia das mulheres.
Não podemos nos esquecer de Rita Hayworth cantando, estonteantemente, "Put the blame on mame".
E muito menos da feminilidade de Audrey(que pra mim, representa tudo o que uma mulher deve ser).
E de todos os escritores homens, que sem sua maior fonte de inspiração, mal suas obras existiriam.
Pergunte então a Vinícius, como faria um poema, sem o ser feminino.

Um viva, à todas vocês.

Dia das mulheres merece delirantes unhas cor-de-vinho, morangos ao chocolate, filmes p&b, lírios rosas, mãos entrelaçadas.
Dia das mulheres cheira a Chanel nº 5.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Mantis religiosa.

8 horas da noite. 9 de fevereiro.

Um louva-a-deus resolve usar minha cabeça como alvo da noite, enquanto tranquilamente caminhava e chutava as pedras do caminho.

Fazendo um voô, que ao olhar de baixo pra cima, contrastava com o branco da lua cheia, o bicho pousou sutilmente no meu coro cabeludo. Pensei que fosse uma folha, mas ao passar a mão vi o animalzinho verde na calçada. Depois, pensei que fosse um grilo, mas chegando em casa, descobri(santa wikipédia): era um louva-a-deus(afinal, que diabo de diferença há entre um e outro?).

Seria isso algum sinal de sorte?
Tenho uma quedinha por superstições, mas nunca soube uma relacionada a estes.
Já ouvi dizer que na Itália, quando a merda da pomba escolhe você, é sorte, quem sabe um bicho desse também não traga uma farturinha. Haha.
Se alguém descobrir, favor, avisar! Sortes sempre serão bem vindas...

ps: 8 é o meu número da sorte.
ps. 2: ao criar este blog, nunca pensei que fosse escrever tanta asneira.

domingo, 8 de fevereiro de 2009

We can live like Jack & Sally.



My dearest friend,
if you don't mind
I'd like to join you by your side
Where we could gaze into the stars

And sit together,
now and forever
for it is plain,
as anyone can see,
We're simply meant to be.



sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Apologia à Beckett (talking in riddles)

Estava eu a observar cintilantes nuances que pairavam pelo ar. Elas traziam consigo, cenas nostálgicas. Entrei em êxtase.
Não somos mais nós mesmos, nessas condições enlevadas, e é penoso não ser mais você mesmo, ainda mais penoso do que sê-lo, apesar do que dizem. Pois quando somos, sabemos o que temos que fazer para sê-lo menos, ao passo que quando não o somos mais, somos qualquer um, e então não há mais como nos apagar.

O que se chama amor – o amor nos torna maus, isso é fato – é o exílio, com um cartão-postal da terra natal de vez em quando, foi esse o meu sentimento na noite passada. Lembro-me de que quando ele terminou de falar, e meu próprio eu, domesticado, foi reconstituído com o auxílio de uma breve inconsciência, encontrei-me só.

Eu conhecia mal os homens, naqueles tempos. Ainda os conheço mal, aliás. As mulheres também. Os animais também. O que conheço menos mal são minhas dores. Penso nelas todas, todos os dias, é rápido: o pensamento vai tão depressa, mas elas não vêm todas do pensamento. Sim, há momentos, principalmente à tarde, em que me sinto sincretista, deitada no sofá. Que equilíbrio. Aliás, conheço mal também minhas dores. Isso deve ser porque não sou apenas dor. Aí está a astúcia. Então me afasto, até o espanto, até a admiração, como de um outro planeta. Raramente, mas é o bastante. Nada cretina, a vida.
Ser apenas dor, como simplificaria as coisas! Ser toda-dolente! Mas isso seria concorrência, e desleal. Eu lhes contarei assim mesmo, um dia se me lembrar, sobre minhas estranhas dores, em detalhes, e distinguindo-as bem, para maior clareza.

Sim, voltando à noite anterior. “Não espere, não voltarei”, disse. Eu só devo ter compreendido o sentido dessas palavras, e mesmo do pequeno ruído que elas produziram, alguns segundos depois de pronunciá-las. Eu estava tão desabituada a falar, que me ocorria de vez em quando deixar escapar, pela boca, frases impecáveis do ponto de vista gramatical, mas inteiramente desprovidas, não de significado - pois ao examiná-las bem elas tinham uma e às vezes várias conotações -, mas de fundamento. Mas o ruído eu sempre ouvia, à medida que o produzia. Foi a primeira vez que minha voz me chegou com tal lentidão.

De outro lado, a voz dele começava a me atormentar. Dei então alguns passos atrás e parei. Primeiro não ouvia nada, depois ouvia a voz, mas quase não, de tão fraca que ela chegava até mim. Depois, em desespero, pensando em como fugir, a não ser estando ao lado dela (da voz), debruçada sobre ela, dei meia-volta e fui embora, para sempre, cheia de incerteza.

Eu não gostava de ficar numa incerteza desse tipo. Eu vivia naturalmente na incerteza, da incerteza, mas aquelas pequenas incertezas, de ordem física como se diz, eu preferia me desvencilhar logo delas, já que poderiam me atormentar semanas a fio.

Ah, a voz. Não sabia de onde vinha. Procurei, entre as estrelas, as constelações, pelas Ursas, mas não consegui encontrá-la. No entanto, devia estar ali. Quando andava, não a ouvia, graças ao ruído dos meus passos. Mas assim que parava, ouvia-a de novo, cada vez mais fraca, até que cessara por completo.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

091068305



A todos que se perguntaram "o que farei?", aos momentos de incerteza e de conhecer o próprio-eu. Aos que sofreram pressão dos pais. Aos que passaram, estão passando ou que com certeza passarão por um dos momentos mais difíceis que existem(se não for o mais) - o desafio do (desumano, medícore, cretino e injusto) vestibular.
Pra todos que também sentiram a empunhalada no estômago ao ler "candidato não convocado".
Escolhi o dia de hoje para esse post, por ser o dia em que meu nome devia estar bem ali, na lista de convocados: Maria Alice Pavan Sabino.

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

A Jaula.

Ontem entrei em uma sala. Sim, uma sala, que mais se parecia com um zoológico.
Basicamente, eu estava assistindo a um bando de macacos que preferiam gritar a falar e a uma competição de cheiros fortes, de tênis novos e uma incrível semelhança entre as vestimentas femininas.
Me senti constrangida. Não sabia quem era estranho ali: se eu, ou se eles.
Além da competição animalesca, ainda tinha um moço(ainda mais esquisito), que gostava - e muito - de apagar o quadro com impressionante freqüência.
No fim, preferi ficar em meu mundo - onde eles eram os estranhos - silenciosa no canto da sala, onde o cair da borracha no chão era a cena mais constrangedora possível.

domingo, 25 de janeiro de 2009

Adeus, você.

adeus você
eu hoje vou pro lado de lá
eu tô levando tudo de mim
que é pra não ter razão pra chorar
vê se te alimenta
e não pensa que eu fui por não te amar
cuida do teu
pra que ninguém te jogue no chão
procure dividir-se em alguém
procure-me em qualquer confusão
levanta e te sustenta
e não pensa que eu fui por não te amar

quero ver você maior, meu bem
pra que minha vida siga adiante

adeus você
não venha mais me negacear
teu choro não me faz desistir
teu riso não me faz reclinar
acalma essa tormenta
e se agüenta, que eu vou pro meu lugar

é bom...
às vezes se perder
sem ter porque
sem ter razão
é um dom...
saber envaidecer
por si
saber mudar de tom

quero não saber de cor, também
pra que minha vida siga adiante

me dá vontade de fechar os olhos e cantar essa letra bem alto.
ps: não que seja só vontade.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Desenraízar.

E cá estou eu, mais uma vez, perdida no meio de tanta informação, tanta mudança. Fechando os zíperes para partir... Deitada no meio de tantas coisinhas, lembranças e cheiros, penso como é bom estar aqui.
Vou mudar meu nome.
Para Mulher Desenraízada.

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

O primeiro dia.

Abri a janela, o dia não acordou sorrindo. Estava tudo meio triste, melancólico. Era ruim olhar à minha volta: nada tinha graça. O tédio me condenava, a tristeza me torturava. A raiva me engolia.
Os pratos vazios me olhavam da mesa com aquela ar de escárnio e me perguntavam:
- O que você vai fazer agora, Alice?
- Não sei, respondi. Não sei.